14ª Convenção RSO PT

A Rede Portuguesa de Responsabilidade Social das Organizações – Rede RSO PT, realizou a sua “14ª Convenção Anual”, no dia 25 de janeiro de 2024, no Centro de Âmbito Cultural”, do El Corte Inglés, Lisboa, das 10h00 às 17h00.

Enquadramento

Em Portugal, existe um problema relacionado com a prevalência de baixos salários, concomitantemente com a lenta subida na cadeia de valor da economia e de muitos indicadores sociais, de qualidade de vida e de desigualdade salarial entre mulheres e homens. Sintomático disso é o que se passa com a geração mais jovem, a mais qualificada de sempre, mas ainda assim aquela em que muitos são impelidos a emigrar. Como explicar este aparente paradoxo? E que disfuncionalidades indicia? Estudos realizados avaliam o problema de fundo por via da interligação entre educação, produtividade e os salários. Relevam que é fundamental aumentar a produtividade para permitir ganhos salariais associados ao incremento das qualificações e assegurar os incentivos à educação. Nesta perspetiva, “a produtividade depende das qualificações de trabalhadores/as e de empregadores/as e da utilização ótima do talento”.

Empresários/as e gestores/as, pelas dinâmicas de empreendedorismo, qualidade da gestão e pela motivação e liderança que imprimem, têm um papel determinante na produtividade e consequentemente no incremento da cadeia de valor da economia e na mudança da cultura organizacional das organizações, na promoção da igualdade, diversidade e inclusão social. Uma análise mais fina das qualificações dos/as trabalhadores/as e das equipas de gestão, revela que ambas contribuem de forma significativa para a produtividade da empresa. A produtividade é maior com equipas de gestão e trabalhadores/as mais qualificados e motivados, sendo que as qualificações dos/as gestores/as têm um efeito na produtividade que vai além das qualificações dos/as trabalhadores/as.

Sendo certo que as qualificações dos/as gestores/as têm aumentado, Portugal continua a ter a maior percentagem de empregadores/as e gestores/as que não terminou o ensino secundário na União Europeia. De acordo com um estudo da Fundação José Neves (2021), este era o caso para 47,5% dos/as empregadores/as, praticamente o triplo da média europeia que se fixou em 16,4%. E, na verdade, sem ganhos de produtividade, não existem boas experiências à escala internacional de subidas significativas e sustentadas dos salários. Mas, outras explicações complementares existem, nomeadamente a natureza da especialização da economia portuguesa, que apesar de apresentar uma trajetória positiva ainda apresenta fragilidades significativas.

São muitas as interrogações que esta Convenção pretende suscitar: Que estratégias e compromissos (empresas; educação, C&T; Governo) para crescer mais e melhor? E, como fazê-lo dignificando o trabalho, valorizando as qualificações e as competências, a par do cumprimento de elevados padrões de responsabilidade social, entendida de forma abrangente (ESG-Environmental, social and governance)? Em que medida os desafios do novo ecossistema tecnológico e de inovação, em particular a transição digital e ecológica, poderão constituir uma oportunidade para reforçar a cadeia de valor da economia, tornando-a mais inovadora, criadora, diferenciada e com ganhos de escala acrescidos? E, o que fazer para diminuir as desigualdades salariais, sociais e de género no mundo do trabalho e das organizações?

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