A 14ª Convenção anual da Rede RSO PT é destinada a todas as organizações interessadas (entidades públicas, empresas, autarquias, universidades, associações, IPPSS, ONG, etc.), tendo como tema central “Competências, produtividade e salários em Portugal”, e contará com a participação de empresários/as, dirigentes, autarcas, especialistas de diversos sectores e outras partes interessadas.
Enquadramento
Em Portugal, existe um problema relacionado com a prevalência de baixos salários, concomitantemente com a lenta subida na cadeia de valor da economia e de muitos indicadores sociais, de qualidade de vida e de desigualdade salarial entre mulheres e homens. Sintomático disso é o que se passa com a geração mais jovem, a mais qualificada de sempre, mas ainda assim aquela em que muitos são impelidos a emigrar. Como explicar este aparente paradoxo? E que disfuncionalidades indicia? Estudos realizados avaliam o problema de fundo por via da interligação entre educação, produtividade e os salários. Relevam que é fundamental aumentar a produtividade para permitir ganhos salariais associados ao incremento das qualificações e assegurar os incentivos à educação. Nesta perspetiva, “a produtividade depende das qualificações de trabalhadores/as e de empregadores/as e da utilização ótima do talento”.
Empresários/as e gestores/as, pelas dinâmicas de empreendedorismo, qualidade da gestão e pela motivação e liderança que imprimem, têm um papel determinante na produtividade e consequentemente no incremento da cadeia de valor da economia e na mudança da cultura organizacional das organizações, na promoção da igualdade, diversidade e inclusão social. Uma análise mais fina das qualificações dos/as trabalhadores/as e das equipas de gestão, revela que ambas contribuem de forma significativa para a produtividade da empresa. A produtividade é maior com equipas de gestão e trabalhadores/as mais qualificados e motivados, sendo que as qualificações dos/as gestores/as têm um efeito na produtividade que vai além das qualificações dos/as trabalhadores/as.
Sendo certo que as qualificações dos/as gestores/as têm aumentado, Portugal continua a ter a maior percentagem de empregadores/as e gestores/as que não terminou o ensino secundário na União Europeia. De acordo com um estudo da Fundação José Neves (2021), este era o caso para 47,5% dos/as empregadores/as, praticamente o triplo da média europeia que se fixou em 16,4%. E, na verdade, sem ganhos de produtividade, não existem boas experiências à escala internacional de subidas significativas e sustentadas dos salários. Mas, outras explicações complementares existem, nomeadamente a natureza da especialização da economia portuguesa, que apesar de apresentar uma trajetória positiva ainda apresenta fragilidades significativas.
São muitas as interrogações que esta Convenção pretende suscitar: Que estratégias e compromissos (empresas; educação, C&T; Governo) para crescer mais e melhor? E, como fazê-lo dignificando o trabalho, valorizando as qualificações e as competências, a par do cumprimento de elevados padrões de responsabilidade social, entendida de forma abrangente (ESG-Environmental, social and governance)? Em que medida os desafios do novo ecossistema tecnológico e de inovação, em particular a transição digital e ecológica, poderão constituir uma oportunidade para reforçar a cadeia de valor da economia, tornando-a mais inovadora, criadora, diferenciada e com ganhos de escala acrescidos? E, o que fazer para diminuir as desigualdades salariais, sociais e de género no mundo do trabalho e das organizações?
Participação
A participação é livre, sujeita a inscrição.
Programa
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